O longa-metragem “A Mula” (2018), dirigido e estrelado por Clint Eastwood, estreou no catálogo da Netflix e reacendeu o interesse pelo caso de Leo Sharp, veterano da Segunda Guerra Mundial que, na velhice, passou a transportar grandes carregamentos de cocaína para o cartel de Sinaloa.
De soldado a horticultor premiado
Nascido em 1924, Sharp serviu no front europeu durante a Segunda Guerra. De volta aos Estados Unidos, estabeleceu-se no campo e ganhou fama como cultivador de lírios-do-dia, especialidade que lhe rendeu inúmeros prêmios e respeito entre colecionadores e especialistas.
Com o passar dos anos, a expansão da internet e mudanças no mercado afetaram as vendas de suas flores. Endividado e tentando manter a propriedade, o horticultor acabou abordado por integrantes do cartel mexicano.
Recrutamento e vida dupla
Já octogenário, Sharp aceitou realizar entregas de droga dentro do país. Discreto e com aparência inofensiva, tornou-se o motorista ideal para atravessar rodovias sem levantar suspeitas. Entre os traficantes, recebeu o apelido de El Tata.
Investigadores calculam que ele carregava cerca de 250 quilos de cocaína por viagem e recebia aproximadamente US$ 1.000 por quilo entregue. O trabalho clandestino durou quase dez anos, com destinos frequentes a cidades como Detroit.
Captura e condenação
A trajetória terminou em 2011, quando agentes da DEA pararam sua caminhonete Lincoln repleta de entorpecentes. O policial responsável pela prisão, Jeff Moore, inspirou o personagem vivido por Bradley Cooper no filme.
Imagem: Internet
Sharp confessou o crime e pegou três anos de prisão, mas cumpriu apenas um, liberado em 2015 por motivos de saúde. Ele morreu em 2016, aos 92 anos, vítima de doença terminal.
Diferenças entre cinema e realidade
Embora baseado no caso, o roteiro de Eastwood altera diversos pontos. No filme, o protagonista se chama Earl Stone, é veterano da Guerra da Coreia e lida com conflitos familiares inexistentes na vida de Sharp. Além disso, a trama condensa uma década de contrabando em poucos meses, reduzindo a quantidade de viagens mostradas na tela.
A essência, contudo, permanece: um idoso aparentemente comum que se torna peça-chave em um dos cartéis mais poderosos do mundo, chocando autoridades e opinião pública.
Com informações de TecMundo
