Embora mais frequentes nos Estados Unidos, os tornados também fazem parte da realidade brasileira. O país ocupa posição de destaque no corredor de tornados da América do Sul e volta e meia emite alertas, como ocorreu recentemente em Santa Catarina. Entender como o fenômeno se forma, por que acontece em território nacional e quais episódios já provocaram grandes estragos ajuda a reforçar ações de monitoramento e prevenção.
O que é um tornado
Trata-se de uma coluna de ar em intensa rotação, conectada ao solo e a nuvens – geralmente cumulonimbus – que assume formato de cone. A maioria apresenta ventos entre 65 km/h e 180 km/h, com diâmetro médio de 75 metros. Nos casos extremos, a velocidade pode ultrapassar 480 km/h, a largura chegar a 1.500 metros e o trajeto exceder 100 km.
Tipos de manifestação
Além do tornado clássico, meteorologistas identificam variações: landspouts (mais fracos, semelhantes a redemoinhos de poeira), trombas d’água (formadas sobre mares, rios ou lagos), tornados de múltiplos vórtices, redemoinhos de poeira e redemoinhos de fogo, estes últimos associados a incêndios florestais.
Como o fenômeno se forma
Tornados nascem em supercélulas – tempestades intensas originadas da colisão entre ar quente e úmido e ar frio e seco. A mudança de velocidade e direção do vento em diferentes alturas cria rotação horizontal dentro da nuvem; quando esse movimento se inclina para a vertical, surge o mesociclone. O funil visível se desenvolve pela condensação da umidade e, ao tocar o solo, torna-se tornado.
Diferenças em relação a furacões
Furacões chegam a centenas de quilômetros de diâmetro, persistem por dias e se formam sobre oceanos, enfraquecendo ao atingir terra firme. Já os tornados são muito menores, mais energéticos, raramente ultrapassam 1 km de largura e duram, em média, 20 minutos.
Por que há tornados no Brasil
O país integra o corredor dos tornados sul-americano, que inclui Uruguai, Paraguai, norte da Argentina, sul da Bolívia e região centro-sul brasileira. Contribuem para a formação:
- Relevo predominantemente plano em várias áreas;
- Encontro do ar frio e seco dos Andes com a umidade vinda da Amazônia;
- Influência de rios e outros corpos d’água.
Levantamento da Unicamp apontou 205 ocorrências entre 1990 e 2010. Itupeva (SP) lidera a probabilidade anual, com chance de 36% de registrar ao menos um episódio.
Episódios históricos no Brasil
Canoinhas (SC), 1948 – Tornado F3 deixou 23 mortos.
Itu (SP), 1991 – F4 matou 16 pessoas, feriu 200 e afetou 450 mil consumidores de energia.
Almirante Tamandaré (PR), 1992 – F3 resultou em 6 mortes, 1.700 desabrigados e quase 500 casas destruídas.
Cruz Alta (RS), 2002 – Ventos derrubaram 80% das construções da cidade, sem vítimas fatais.
Antônio Prado (RS), 2003 – Cinco mortos.
Palmital (SP), 2004 – F3 causou 4 mortes e 25 feridos.
Imagem: Tornado via Greg Johns/Unsplash
Indaiatuba (SP), 2005 – Tornado multivórtice gerou prejuízo estimado em R$ 100 milhões.
Coração de Maria (BA), 2008 – 70% das casas destelhadas.
Guaraciaba (SC), 2009 – F4 provocou mortes e destruição ampla.
Gramado e Canela (RS), 2010 – F2 feriu 10 pessoas e destruiu 480 residências.
Taquarituba (SP), 2013 – F3 deixou 2 mortos e 64 feridos.
Porto Murtinho (MS), 2014 – Tornado causou naufrágio com 11 vítimas.
Brasília (DF), 2014 – Primeiro registro oficial na capital: F0 com ventos de 95 km/h.
Xanxerê (SC), 2015 – F2/F3 resultou em 3 mortos e devastou 30% do município.
Marechal Cândido Rondon (PR), 2015 – F2 destruiu mais de mil casas e deixou vários feridos.
O histórico de eventos reforça a necessidade de acompanhamento constante das condições meteorológicas e de medidas de preparação em áreas suscetíveis.
Com informações de Olhar Digital