O Telescópio Espacial James Webb (JWST) identificou fosfina na atmosfera da anã marrom Wolf 1130C, integrante de um sistema triplo que inclui uma anã vermelha de baixa massa e uma anã branca. A molécula, encontrada em concentração de 0,1 parte por milhão, corresponde às previsões de modelos que descrevem atmosferas de planetas gasosos e de anãs marrons.
Segundo a equipe responsável, valores semelhantes já foram medidos em Júpiter e Saturno. A confirmação consolida os modelos teóricos e reforça que a presença de fosfina, isoladamente, não pode ser tratada como bioassinatura definitiva.
Origem da molécula
Formada por um átomo de fósforo e três de hidrogênio, a fosfina é instável em condições atmosféricas. Nos gigantes gasosos, ela surge nas camadas internas quentes e é transportada para regiões superiores por correntes de convecção em velocidade maior do que o ritmo de destruição química.
Apesar da nova detecção, permanece o enigma de por que algumas anãs marrons exibem fosfina enquanto outras, com características parecidas, não apresentam o composto. Os astrônomos ainda não têm explicação para essa diferença.
Repercussão no debate sobre Vênus
O achado ocorre quatro anos após o anúncio, em 2020, de possíveis sinais de fosfina nas nuvens de Vênus por uma equipe liderada por Jane Greaves, da Universidade de Cardiff. Na época, observações realizadas com o telescópio James Clerk Maxwell, no Havaí, e com o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), no Chile, sugeriram a presença do gás, levando os pesquisadores a cogitar uma origem microbiana.
Imagem: dimazel
A hipótese gerou intensa discussão: vários grupos contestaram a análise e tentativas posteriores de reproduzir o resultado não obtiveram sucesso. Mesmo assim, o debate permanece, uma vez que a equipe original sustenta suas conclusões e parte da comunidade questiona como a molécula poderia persistir na atmosfera venusiana, famosa por condições extremas.
Com o JWST mostrando que o composto também aparece em corpos celestes onde não se espera atividade biológica, cientistas recomendam cautela no uso da fosfina como marcador exclusivo de vida extraterrestre.
Com informações de Olhar Digital