ICE contrata veículos com torres de celular falsas por US$ 825 mil

O Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas dos Estados Unidos (ICE, na sigla em inglês) firmou, em 8 de maio, um contrato de US$ 825 mil com a TechOps Specialty Vehicles (TOSV) para a entrega de veículos equipados com simuladores de torre de telefonia celular, também conhecidos como cell-site simulators, stingrays ou IMSI catchers.

Os automóveis fazem parte do programa Homeland Security Technical Operations e utilizam dispositivos capazes de se passar por antenas de operadoras. Quando acionados, eles forçam celulares próximos a se conectar, permitindo que agentes localizem os aparelhos com precisão superior à das torres convencionais e, em certas versões, escutem chamadas ou acessem mensagens e dados de internet.

A contratação não é a primeira entre a agência e a empresa sediada em Maryland. Em setembro de 2024, a TOSV já havia recebido US$ 818 mil por um acordo semelhante, demonstrando uma relação que precede o governo Donald Trump.

Uso recorrente e polêmica

Documentos obtidos pela American Civil Liberties Union (ACLU) e pelo BuzzFeed News apontam que o ICE empregou essa tecnologia mais de 1.885 vezes entre 2013 e 2017, e pelo menos 466 vezes de 2017 a 2019. Críticos destacam que a ferramenta pode alcançar pessoas que não são alvo de investigações e, nem sempre, há mandado judicial para sua ativação.

Empresa evita detalhes

Em declaração ao site TechCrunch, o presidente da TOSV, Jon Brianas, disse não poder fornecer informações sobre os contratos ou sobre as características dos veículos, alegando segredo comercial. Confirmou apenas que os simuladores são integrados pela companhia, embora fabricados por terceiros. A origem desses equipamentos não foi revelada.

Além dos carros com antenas falsas, a TechOps oferece vans para equipes de operações especiais, laboratórios móveis de perícia, centros de comando sobre rodas, bibliotecas itinerantes e veículos para serviços médicos ou de bombeiros. O site oficial da empresa, entretanto, não menciona diretamente a venda de simuladores de celular nem esclarece se esses sistemas estão presentes em outros modelos.

Silêncio do ICE

Procurado pelo TechCrunch, o ICE não respondeu sobre a finalidade dos veículos recém-adquiridos, onde são empregados nem se sempre obtém autorização judicial antes de ativar os simuladores.

Com informações de Olhar Digital