Brasil propõe US$ 1,3 trilhão anuais para acelerar metas do Acordo de Paris na COP30

Belém (PA) – O governo brasileiro apresentou, nesta quarta-feira (5), uma proposta de financiamento climático de US$ 1,3 trilhão por ano (cerca de R$ 6,9 trilhões) até 2035 para viabilizar a meta de limitar o aquecimento global a 1,5 °C, prevista no Acordo de Paris.

A iniciativa foi detalhada pela ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorre ao longo deste mês na capital paraense. Segundo a ministra, o aporte funcionaria como “uma espécie de renda básica” para a transição energética em países em desenvolvimento e para a antecipação das metas de neutralidade de carbono nas nações mais ricas, de 2050 para 2040.

Principais pontos do plano

Os recursos seriam destinados a projetos de energia limpa, já que 75% das emissões globais provêm de carvão, petróleo e gás. O desmatamento responde por outros 10%. Para Marina Silva, ações isoladas não bastam: “Mesmo zerando o desmatamento, se não houver redução nas emissões de combustíveis fósseis, as florestas podem se transformar em savanas.”

As presidências da COP29 (Azerbaijão) e da COP30 (Brasil) divulgaram as diretrizes do chamado “Mapa das 5Rs”, que pretende mobilizar o montante trilionário em cinco frentes:

1. Reabastecimento de subsídios, financiamentos concessionais e capital de baixo custo;
2. Reequilíbrio do espaço fiscal e da sustentabilidade da dívida;
3. Redirecionamento de financiamento privado transformador e redução do custo de capital;
4. Reestruturação da capacidade e da coordenação para portfólios climáticos em escala;
5. Reformulação de sistemas e estruturas para fluxos de capital equitativos.

Para o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, integrar a ação climática a reformas econômicas é essencial: “O Mapa das 5Rs transforma a urgência científica em um plano prático de cooperação global e resultados efetivos.”

Fundo Florestas Tropicais para Sempre

A principal aposta brasileira no encontro é o Tropical Forests Forever Fund (TFFF), mecanismo de pagamento por resultados que pretende captar até US$ 125 bilhões (aproximadamente R$ 680 bilhões) para a conservação de florestas em 70 países.

Os recursos serão administrados por um comitê internacional em formação. Cada nação que comprovar preservação florestal poderá receber até US$ 4 por hectare, garantindo remuneração compatível com taxas de mercado aos investidores.

Compromissos nacionais

O Brasil reiterou a meta de zerar o desmatamento até 2030 e de reduzir entre 59% e 67% suas emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2035, em relação aos níveis de 2005, o equivalente a um intervalo de 850 milhões a 1,05 bilhão de toneladas de CO₂ equivalente.

O debate sobre o financiamento climático deverá dominar as negociações em Belém, considerado pelo governo federal o passo decisivo para transformar as metas do Acordo de Paris em ações viáveis nos próximos dez anos.

Com informações de Olhar Digital