Pequim, 6 de novembro de 2025 – Três astronautas chineses permanecem em órbita depois que a cápsula de retorno da missão Shenzhou-20 foi atingida por provável lixo espacial poucas horas antes do desacoplamento da estação Tiangong.
A Agência Espacial Tripulada da China (CMSA) informou, por meio da rede social Weibo, que o impacto ocorreu na manhã de quarta-feira (5), por volta das 10h30 no horário de Pequim. O episódio levou ao adiamento do regresso de Chen Dong, Chen Zhongrui e Wang Jie, que vivem e trabalham no laboratório orbital desde 24 de abril.
Investigação em andamento
Equipes técnicas analisam a extensão dos danos e avaliam riscos para os seis ocupantes atuais da estação – os três integrantes da Shenzhou-20 e a tripulação recém-chegada da Shenzhou-21, que atracou na sexta-feira (31).
A nave avariada continua acoplada à Tiangong. Caso o módulo de retorno, o compartimento habitável ou o módulo de propulsão apresentem comprometimento estrutural, a CMSA poderá descartar o veículo e utilizar a cápsula da Shenzhou-21 para trazer os taikonautas de volta.
Plano de contingência
Seguindo protocolo chinês, um Long March-2F e uma espaçonave Shenzhou de reserva permanecem em prontidão na Terra para emergências. Se o trio da missão 20 retornar na cápsula da missão 21, uma nova nave poderá ser lançada para garantir o retorno da equipe que ficar a bordo da estação.
Recorde nacional ampliado
Com o atraso, o comandante Chen Dong, que ultrapassou 400 dias acumulados em órbita — marca jamais alcançada por outro taikonauta —, deverá estender ainda mais o recorde chinês. O feito mundial pertence ao cosmonauta russo Oleg Kononenko, com mais de 1.100 dias consecutivos no espaço.
Precedentes e preocupação com detritos
Incidentes semelhantes já prolongaram missões em outras plataformas, como o vazamento da Soyuz MS-22 que manteve o astronauta da NASA Frank Rubio 371 dias na Estação Espacial Internacional (ISS) entre 2022 e 2023, e as falhas da cápsula Boeing Starliner que mantiveram Butch Wilmore e Suni Williams na ISS por 286 dias em 2024-2025.
Imagem: CNSA
A própria Tiangong sofreu, em 2023, o impacto de um fragmento em um painel solar, causando falhas temporárias de energia. O aumento de objetos em órbita intensifica alertas sobre a Síndrome de Kessler, efeito em cascata de colisões que pode tornar o entorno da Terra progressivamente mais perigoso.
Agências espaciais e empresas privadas testam hoje sistemas de remoção e mitigação de detritos, na tentativa de preservar a segurança de futuras missões e a observação astronômica a partir do solo.
Não há previsão oficial para o regresso da Shenzhou-20. A CMSA seguirá monitorando a situação antes de autorizar qualquer manobra de desacoplamento ou reentrada.
Com informações de Olhar Digital