Ataques cibernéticos paralisam Jaguar Land Rover e causam perdas bilionárias ao varejo britânico

São Paulo, 6 de outubro de 2025 – A Jaguar Land Rover, maior montadora do Reino Unido, mantém suas fábricas inativas há mais de um mês após sofrer um ataque cibernético detectado em 1º de setembro. A ofensiva obrigou a empresa a suspender a produção em unidades no Reino Unido, Brasil, China, Índia e Eslováquia, gerando prejuízos de vários milhões de libras por dia e pressionando toda a cadeia de fornecedores.

Impacto sobre empregos e fornecedores

Controlada pelo grupo indiano Tata, a Jaguar Land Rover emprega cerca de 34 mil pessoas em território britânico e sustenta outros 120 mil postos de trabalho de forma indireta. Sem receber pagamentos pela entrega de peças e serviços, empresas menores foram levadas a reduzir jornadas ou realizar demissões. O modelo just in time, em que os insumos chegam exatamente na hora do uso, ampliou os efeitos da paralisação.

Diante do risco de colapso no setor automotivo, o Tesouro britânico ofereceu um empréstimo de US$ 1,5 bilhão destinado a manter a operação dos fornecedores. A montadora informou apenas que pretende retomar a produção nos próximos dias, sem revelar detalhes sobre o ataque ou o custo total da interrupção.

Varejo também na mira

Desde janeiro, outras grandes companhias britânicas enfrentaram ataques semelhantes. A rede de departamentos Marks & Spencer ficou quase dois meses sem vendas on-line, acumulando perdas estimadas em 300 milhões de libras (cerca de R$ 2 bilhões). Já o supermercado Co-op registrou prejuízo superior a 200 milhões de libras (aproximadamente R$ 1,3 bilhão) após vazamento de dados de 6,5 milhões de clientes e problemas de abastecimento que deixaram prateleiras vazias em ilhas da Escócia.

Suspeitos e investigações

Autoridades ainda não apontaram oficialmente os responsáveis, mas as suspeitas recaem sobre o grupo hacker conhecido como Scattered Spider, formado por jovens no Reino Unido e nos Estados Unidos. Em julho, quatro pessoas entre 17 e 20 anos foram presas sob suspeita de envolvimento nos ataques à Marks & Spencer e à Co-op, porém nenhuma acusação formal foi apresentada até o momento. As investidas seguem o padrão de ransomware, em que sistemas são bloqueados ou dados sequestrados em troca de resgate.

Ameaça global

Os incidentes não se limitam ao Reino Unido. No mesmo período, a cervejaria japonesa Asahi suspendeu parte da produção após sofrer invasão digital, enquanto aeroportos na Bélgica e na Alemanha enfrentaram atrasos em check-in e embarques por causa de um ransomware que afetou sistemas de bordo em setembro.

Especialistas em segurança destacam que, apesar dos investimentos feitos nos últimos anos, empresas ainda permanecem vulneráveis a paralisações graves. Testes de contingência e treinamento de funcionários são apontados como medidas essenciais para reduzir o impacto de futuras ofensivas.

Com informações de Olhar Digital