Encontrar produtos esquecidos na geladeira ou na despensa é rotina em muitos lares, mas especialistas reforçam que ingerir alimentos depois da data de validade não é seguro. O prazo impresso na embalagem indica o período em que o item permanece próprio para consumo, desde que armazenado conforme as orientações do fabricante.
Como a indústria define a validade
Para estabelecer a data limite, as empresas realizam três grupos de testes:
Segurança microbiológica – verifica se bactérias patogênicas ou toxinas não ultrapassam níveis aceitáveis.
Qualidade nutricional – mede a preservação de nutrientes, essencial em fórmulas infantis e suplementos.
Características sensoriais – avalia sabor, aroma, cor e textura, garantindo a aceitação do consumidor.
Perigos de consumir produtos vencidos
Bactérias como Salmonella, Escherichia coli e Listeria podem multiplicar-se mesmo em ambientes refrigerados sem alterar aparência, cheiro ou gosto. Filtros visuais, portanto, não bastam para detectar contaminação. Fungos também podem liberar micotoxinas, substâncias potencialmente cancerígenas.
Os sintomas de intoxicação alimentar incluem náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal, febre e calafrios, surgindo poucas horas após a ingestão. Crianças pequenas, gestantes, idosos e pessoas com imunidade comprometida correm risco maior de complicações, como desidratação grave.
Congelamento caseiro não prolonga segurança
Guardar o alimento no freezer pode preservar o aspecto, mas não impede a ação de microrganismos já presentes. Assim, o congelamento doméstico não estende, com garantia, o período de segurança indicado pelo fabricante.
Alterações nutricionais e químicas
Após o prazo de validade, vitaminas degradam-se, proteínas entram em decomposição e gorduras oxidam, deixando óleos, castanhas e biscoitos com sabor rançoso. A oxidação também gera radicais livres, associados a doenças crônicas como problemas cardiovasculares e câncer.
Imagem: CalypsoArt Shutterstock divulgação
Exceções permitidas pela Anvisa
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária dispensa data de validade em alguns produtos de longa duração ou consumo imediato, entre eles:
- Bebidas alcoólicas com teor acima de 10%;
- Vinagre;
- Açúcar sólido e sal;
- Balas e gomas de mascar;
- Produtos de padaria destinados a consumo em até 24 horas;
- Hortaliças e frutas frescas não processadas.
Mesmo nesses casos, armazenamento correto continua essencial para evitar perdas.
Discussão sobre o modelo “Best Before”
A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) propôs ao governo adotar o selo “melhor consumir antes” (Best Before) como estratégia para reduzir o desperdício. O formato indicaria até quando o alimento mantém suas melhores características, deixando ao consumidor a decisão de avaliar o produto depois desse período. A medida exige campanhas de educação e fiscalização rigorosa para evitar interpretações equivocadas e abusos na indústria.
Consumir produtos vencidos, portanto, segue desaconselhado pelos profissionais de segurança alimentar, que recomendam atenção às datas impressas e às condições de armazenamento para prevenir doenças e perdas nutricionais.
Com informações de Olhar Digital