A SaferNet Brasil contabilizou 16 casos de deepfakes sexuais em escolas brasileiras desde 2023, envolvendo pelo menos 72 vítimas e 57 agressores, todos menores de 18 anos. Os episódios ocorreram em dez estados das cinco regiões do país e, na maioria das vezes, em instituições privadas.
Casos distribuídos por estados
De acordo com o levantamento, São Paulo concentra o maior número de ocorrências, com quatro registros. A distribuição completa é a seguinte:
• São Paulo: 4
• Paraíba: 2
• Rio de Janeiro: 2
• Alagoas: 1
• Bahia: 1
• Mato Grosso: 1
• Minas Gerais: 1
• Pará: 1
• Pernambuco: 1
• Rio Grande do Sul: 1
Além desses, a ONG confirmou outros três episódios não divulgados pela imprensa — dois no Rio de Janeiro e um no Distrito Federal — que somam pelo menos dez vítimas adicionais.
Episódios em destaque
Em setembro de 2025, pais de uma escola particular de Itapetininga (SP) denunciaram um aluno que teria usado inteligência artificial para colocar o rosto de colegas em imagens de nudez; o adolescente foi suspenso e a polícia acionada. Já em 2024, em Itararé (SP), dois estudantes de 15 e 16 anos foram investigados pela Polícia Civil após criarem nudes falsos de colegas em uma escola estadual. O inquérito foi baseado no artigo que criminaliza a simulação de pornografia infantil.
Lacunas na legislação específica
O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê punições de até três anos para menores que simulam pornografia envolvendo crianças e adolescentes. Para maiores de idade, a pena varia de três a seis anos de prisão, além de multa. No entanto, ainda não existe no Brasil uma regulamentação voltada especificamente ao uso de ferramentas de inteligência artificial, o que, segundo a SaferNet, facilita a proliferação desse tipo de abuso.
Imagem: Rawpixel
Projeto financiado pela Unicef
A pesquisa integra um estudo apoiado pelo fundo SafeOnline, da Unicef, que busca mapear casos e coletar depoimentos — anônimos, se desejado — das vítimas. A diretora de projetos especiais da ONG, Juliana Cunha, afirma que os relatos são essenciais para dimensionar o problema e pressionar por respostas práticas, incluindo abordagens educativas para os adolescentes envolvidos.
As deepfakes sexuais são montagens criadas com IA generativa que inserem o rosto de uma pessoa em imagens ou vídeos de nudez reais ou totalmente sintéticos. Para a SaferNet, a exposição desse conteúdo causa danos psicológicos e sociais graves, agravados pela rápida disseminação na internet e em grupos privados, o que dificulta a responsabilização dos autores.
Com informações de Olhar Digital
