Empresa goiana de recuperação de dados evita US$ 140 milhões em resgates de ransomware

A Digital Recovery, fundada no interior de Goiás, ganhou projeção mundial ao recuperar informações criptografadas por ransomware e reduzir a dependência das vítimas do pagamento de resgates. A empresa calcula ter poupado cerca de US$ 140 milhões de seus clientes, valor equivalente às exigências financeiras feitas pelos criminosos em casos resolvidos sem desembolso.

Mercado pressionado por ataques

Apesar de o total global de pagamentos a grupos de ransomware ter recuado para US$ 814 milhões em 2024 — 35% abaixo do recorde de 2023, segundo a Chainalysis — a atividade criminosa permanece intensa. No Brasil, episódios como os sofridos por Lojas Renner, CVC Corp, Porto Seguro e o vazamento investigado na Serasa Experian confirmam a recorrência do problema.

O relatório State of Ransomware 2025, da Sophos, entrevistou 110 organizações brasileiras atacadas em 2024: 73% delas voltaram a ser vítimas no mesmo ano, 66% pagaram algum valor e 73% recorreram a backups. O custo médio de recuperação, excluindo o resgate, foi de US$ 1,19 milhão, enquanto a demanda mediana dos criminosos ficou em torno de US$ 392,5 mil.

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Metodologia focada em preservação e engenharia reversa

De acordo com o CEO do Grupo Digital Recovery, Henrique Sardinha, o trabalho começa pela preservação de evidências e contenção do incidente. Em ambiente isolado, peritos coletam imagens forenses, amostras do malware e reconstroem a linha do tempo do ataque. A equipe então realiza análises estática e dinâmica para identificar a família do ransomware, algoritmos de criptografia e possíveis falhas na implementação.

Quando se encontram brechas conhecidas, a empresa desenvolve ferramentas de descriptografia sob medida. Na ausência de tais falhas, utiliza técnicas de reconstrução de metadados, recuperação de cabeçalhos e restauração a partir de snapshots, máquinas virtuais e logs de journaling, sempre com cópias “bit a bit” para garantir a cadeia de custódia.

Cenário internacional e desafios futuros

No exterior, forças-tarefa como a operação Cronos — conduzida em fevereiro de 2024 por NCA, FBI, Europol e parceiros — derrubaram a infraestrutura do LockBit e apreenderam chaves de descriptografia, mas não eliminaram completamente o grupo. No segundo trimestre de 2025, a Coveware registrou taxa de pagamento em torno de 26%, com valores médios de US$ 1,13 milhão para resgates combinados e US$ 400 mil em casos de extorsão apenas por vazamento de dados.

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Imagem: Internet

Na América Latina, o SonicWall Cyber Threat Report 2025 apontou alta de 259% no volume de ransomware entre 2023 e 2024, reforçando a necessidade de respostas rápidas. Nesse contexto, a Digital Recovery atua exclusivamente no pós-ataque, oferecendo engenharia reversa e recuperação de dados para empresas de diversos setores, em conjunto com equipes de forense digital, jurídica e de comunicação de crise.