Estresse prolongado muda enzima no cérebro e dispara sintomas de depressão, aponta pesquisa

Cientistas do Instituto de Ciências Básicas (IBS), na Coreia do Sul, identificaram que a exposição contínua ao estresse altera um processo bioquímico essencial no cérebro, podendo levar ao desenvolvimento de comportamentos semelhantes à depressão.

O trabalho, publicado nesta segunda-feira (6) na revista Science Advances, concentrou-se no córtex pré-frontal medial – área ligada ao controle do humor. Nos experimentos com camundongos, o estresse prolongado reduziu a atividade da enzima St3gal1, encarregada da etapa final da O-glicosilação, revestimento de açúcar que regula a comunicação entre neurônios.

Quando a St3gal1 foi completamente eliminada, os animais perderam motivação e exibiram comportamentos depressivos. Já o aumento artificial da enzima em roedores estressados restaurou a sinalização neural e reverteu os sintomas.

De acordo com os autores, a glicosilação anormal representa um mecanismo biológico distinto da conhecida via da serotonina, alvo da maioria dos antidepressivos atuais. “A descoberta abre caminho para terapias que foquem nas conexões neuronais”, afirmou C. Justin Lee, diretor do IBS.

O estudo também apontou diferenças entre sexos. Fêmeas submetidas ao mesmo protocolo de estresse apresentaram alterações comportamentais, porém sem queda na St3gal1, sugerindo rotas moleculares distintas em machos e fêmeas.

Com informações de Olhar Digital