Telescópio James Webb detecta padrões atmosféricos inéditos em Saturno

Helsinque (Finlândia) – Imagens do Telescópio Espacial James Webb (JWST) revelaram estruturas finas e complexas na atmosfera superior de Saturno jamais vistas em qualquer outro planeta do Sistema Solar. Os resultados foram apresentados pelo professor Tom Stallard, da Universidade de Northumbria (Reino Unido), durante o encontro conjunto EPSC-DPS 2025, e detalhados na revista Geophysical Research Letters.

Observação inédita em infravermelho

A equipe analisou o planeta por dez horas contínuas em 29 de novembro de 2024. O espectrógrafo de infravermelho próximo do JWST permitiu enxergar, simultaneamente, íons de H3+ na ionosfera, a cerca de 1.100 quilômetros da superfície nominal, e moléculas de metano na estratosfera, aproximadamente 600 quilômetros acima das nuvens.

Padrões surpreendentes

Em vez das emissões amplas esperadas, os pesquisadores identificaram formações de pequena escala:

  • Ionosfera: manchas escuras lembrando contas inseridas em halos aurorais brilhantes, estáveis por horas e com movimento lento;
  • Estratosfera: desenho assimétrico em forma de estrela com quatro braços visíveis que se estendem do polo norte em direção ao equador.

Embora separados por cerca de 500 quilômetros de altitude, os dois padrões ocupam a mesma região latitudinal e parecem alinhados a pontos situados diretamente acima do famoso hexágono de nuvens profundas de Saturno.

Enigma atmosférico

Stallard ressaltou que as formações não eram previstas e ainda não têm explicação. Segundo o pesquisador, as contas podem resultar da interação entre a magnetosfera e a atmosfera em rotação, enquanto o desenho estelar indica processos desconhecidos na estratosfera, possivelmente ligados ao hexágono.

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Imagem: NASA

Novo ciclo de observações

O estudo contou com 23 cientistas de instituições do Reino Unido, Estados Unidos e França. O grupo pretende solicitar mais tempo de telescópio, especialmente durante o próximo equinócio saturniano, evento que ocorre a cada 15 anos terrestres e pode alterar drasticamente as estruturas observadas. Como essas camadas não podem ser investigadas por telescópios em solo, Stallard considera o acompanhamento pelo JWST “urgente”.

Com informações de Olhar Digital