A sonda JUICE, da Agência Espacial Europeia (ESA), vai aproveitar a fase de cruzeiro rumo a Júpiter para observar o cometa 3I/ATLAS, terceiro objeto interestelar já detectado no Sistema Solar. A campanha de sensoriamento remoto está marcada para ocorrer entre 2 e 25 de novembro, logo após o periélio do cometa, previsto para 29 de outubro.
Missão adaptada em pleno voo
Lançada em abril de 2023, a JUICE (sigla em inglês para Explorador das Luas Geladas de Júpiter) foi projetada para estudar as luas Ganimedes, Calisto e Europa. A chegada ao sistema joviano está programada para o início da próxima década, após uma viagem de oito anos que inclui sobrevoos assistidos pela gravidade da Terra e de Vênus. O acompanhamento do 3I/ATLAS não fazia parte do plano original e foi adicionado devido à rara oportunidade científica.
Instrumentos mobilizados
Serão usados cinco instrumentos da nave: câmera principal, imageador no infravermelho próximo, espectrômetro ultravioleta, instrumento sub-milimétrico e sensor de átomos neutros. Segundo a ESA, a distância entre a sonda e o cometa exigirá apenas observações remotas, mas permitirá coletar dados sobre composição química, poeira e atividade do objeto.
Transmissão lenta dos resultados
Por causa da velocidade de ligação e do alinhamento com a Terra, os dados captados só devem ser totalmente baixados em 2026. Mesmo assim, a agência espera obter pistas valiosas para comparar a “receita” de um cometa interestelar com a de corpos formados no próprio Sistema Solar.
Segurança e janelas de operação
A campanha foi dividida em janelas curtas para respeitar as limitações térmicas da nave, que ainda se encontra relativamente próxima do Sol. A geometria entre sonda, Sol e cometa garante medições seguras sem risco para os sistemas de bordo.

Imagem: ESA Standard Licence
Sem risco para a Terra
O 3I/ATLAS fará sua maior aproximação do nosso planeta em dezembro, mas permanecerá a grande distância, sem qualquer perigo. Para a comunidade científica, cada grão de poeira analisado ajudará a entender como água e moléculas orgânicas podem viajar entre estrelas e, possivelmente, semear mundos habitáveis.
Com a iniciativa, a ESA reforça a prática de extrair o máximo de ciência mesmo em fases intermediárias de suas missões, empregando tecnologias que também beneficiam o sensoriamento terrestre e outras aplicações.
Com informações de Olhar Digital