São Paulo, 7 de outubro de 2025 – O Ministério Público de Paris iniciou uma investigação para apurar denúncias de que a Apple teria coletado gravações de voz de usuários sem autorização por meio da assistente virtual Siri.
Denúncia partiu de ONG e ex-contratado
O inquérito foi aberto após representação da ONG francesa Ligue des droits de l’Homme, que se baseou no depoimento de Thomas Le Bonniec, ex-funcionário da empresa terceirizada Globe Technical Services, na Irlanda. Segundo o denunciante, que atuou no serviço em 2019, milhares de áudios captados pela Siri incluíam conversas íntimas e dados confidenciais, supostamente usados para melhorar o desempenho da assistente.
Alcance da apuração
A investigação é conduzida pela agência nacional de crimes cibernéticos (OFAC) e buscará esclarecer, entre outros pontos, quantas gravações foram armazenadas desde 2014, quantos usuários foram afetados e onde os dados estão guardados.
Tentativas anteriores
Le Bonniec já havia levado o caso à Comissão Nacional de Informática e Liberdades (CNIL), na França, e à Comissão de Proteção de Dados (DPC), na Irlanda, alegando violação ao Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR) da União Europeia. A DPC arquivou o processo em 2022 sem investigação formal. Em fevereiro deste ano, com apoio da ONG, o ex-funcionário recorreu ao Ministério Público francês, permitindo que usuários da Siri desde 2019 possam aderir ao processo.
Precedente nos Estados Unidos
A denúncia se apoia em caso semelhante julgado nos Estados Unidos. Em 2024, a Apple concordou em pagar US$ 95 milhões para encerrar uma ação coletiva que acusava a empresa de gravar conversas privadas via Siri entre setembro de 2014 e dezembro de 2024. Cada consumidor recebeu cerca de US$ 20 por dispositivo; a companhia negou irregularidades.
Imagem: Paolo Ba
Posicionamento da Apple
Em nota enviada ao POLITICO, a Apple afirmou que “nunca usou dados da Siri para fins de marketing, publicidade ou venda a terceiros”. A empresa ressaltou que a assistente foi desenhada para realizar o máximo de processamento no próprio dispositivo, evitando o envio de informações pessoais a servidores. A fabricante acrescentou que gravações só são armazenadas quando o usuário concorda explicitamente em colaborar para aprimorar o serviço.
A investigação francesa segue sem prazo definido para conclusão.
Com informações de Olhar Digital
