Superaquecimento e arranhões em panelas de teflon podem liberar gases tóxicos e microplásticos, alertam especialistas

Panelas antiaderentes ganham espaço nas cozinhas pela praticidade, mas seu uso exige cuidados. Especialistas apontam que o politetrafluoroetileno (PTFE) — o teflon — pode liberar substâncias nocivas quando superaquecido ou danificado.

Gases tóxicos acima de 260 °C

Segundo Kelly Krisna Johnson-Arbor, toxicologista médica do MedStar Georgetown University Hospital, o PTFE começa a se decompor a partir de 260 °C (500 °F). Nessa temperatura, partículas finas são emitidas, penetram nos pulmões e podem causar sintomas como febre, tosse, calafrios, fadiga, tontura e dor de cabeça. A condição é conhecida como “febre dos fumos de polímero” ou “gripe do teflon”.

Dados dos Centros de Informação Toxicológica dos Estados Unidos (Americas Poison Centers) indicam 265 suspeitas dessa síndrome somente em 2023.

Microplásticos liberados por arranhões

Riscos também aparecem quando a superfície antiaderente sofre arranhões. Pesquisa da Universidade de Newcastle (Austrália) mostrou que um único risco de cinco centímetros pode soltar cerca de 2,3 milhões de microplásticos e nanoplásticos no alimento e no ambiente doméstico. Entre eles estão compostos per- e polifluoroalquil (PFAS), apelidados de “químicos eternos” porque permanecem no organismo e na natureza por longos períodos e estão associados a alterações na tireoide.

PFOA fora de circulação, outros PFAS ainda presentes

O ácido perfluorooctanoico (PFOA), considerado um dos PFAS mais nocivos, foi retirado da produção de teflon há cerca de dez anos. Entretanto, outros compostos da mesma família continuam em uso e seus efeitos de longo prazo ainda não são totalmente conhecidos.

Recomendações de uso

A orientação geral é manter a integridade do revestimento e evitar temperaturas acima de 260 °C. O médico Samuel Dalle Laste sugere o uso de utensílios de aço cirúrgico, cerâmica ou vidro, sempre verificando a procedência do fabricante.

Com esses cuidados, o risco de exposição a gases tóxicos e microplásticos pode ser reduzido durante o preparo dos alimentos.

Com informações de Olhar Digital