Seacom estuda lançar cabo “submarino” por terra para conectar leste e oeste da África

A operadora de telecomunicações Seacom, com sede nas Ilhas Maurício, avalia a implantação de um cabo óptico de tecnologia submarina que, em vez de percorrer o fundo do mar, cruzaria o interior do continente africano. O projeto pretende ligar o porto de Mombaça, no Quênia, à estreita faixa de litoral atlântico da República Democrática do Congo, estabelecendo a primeira rota direta entre as costas leste e oeste da África.

Segundo o engenheiro sênior de transmissão da companhia, Nic Breytenbach, não existe hoje um único cabo que atravesse o continente — as conexões disponíveis seguem majoritariamente as faixas litorâneas. A tecnologia típica de cabos submarinos, que utiliza amplificadores ópticos e dispensa alimentação elétrica contínua ao longo de toda a extensão, seria vantajosa em áreas remotas.

Desafios operacionais e segurança

O terreno acidentado e a instabilidade política em vários países do trajeto figuram entre os principais entraves para a construção e a manutenção da infraestrutura. Além disso, a logística de transporte do cabo em terra firme é complexa, pois navios especializados conseguem levar centenas de quilômetros de material de uma só vez, algo difícil de reproduzir por vias terrestres.

A Seacom também aponta menor risco de furto como benefício. Enquanto cabos terrestres tradicionais são alvo de ladrões por conterem cobre, cabos ópticos submarinos utilizam alumínio para conduzir corrente elétrica, reduzindo o valor de revenda. “Eles não têm cobre, portanto não oferecem retorno comercial para quem tenta roubá-los”, explicou Breytenbach.

Exemplos e próximos passos

Como prova de viabilidade, o executivo cita um cabo já instalado no Lago Tanganica e equipamentos reforçados fornecidos pela Nokia, projetados para ambientes extremos. Apesar disso, reconhece que a proposta ainda está em fase exploratória e depende de negociações diplomáticas, além de altos custos logísticos.

Enquanto analisa a nova rota, a empresa concentra esforços no Seacom 2.0, cabo internacional que ligará África, Europa, Índia e Singapura pelo Mar Vermelho — região que recentemente enfrentou interrupções causadas por rompimentos de cabos. Os problemas nesse corredor motivam a busca por rotas alternativas dentro do continente.

“Existem desafios significativos, mas acreditamos que o projeto é viável”, resumiu o representante da Seacom.

Com informações de Tecnoblog