O furto de joias avaliado em 88 milhões de euros, ocorrido em 20 de outubro de 2025 no Louvre, ganhou novo capítulo com a revelação de que os sistemas de videovigilância do museu utilizavam senhas extremamente simples: “LOUVRE” e “THALES”. A informação consta de documentos internos datados de 2014 e atualizados até 2024, divulgados pelo jornal Libération.
Roubo relâmpago na Galeria Apolo
Logo após a abertura do museu, um caminhão-guindaste estacionado irregularmente na fachada voltada para o rio Sena permitiu a entrada de dois homens na Galeria Apolo, onde estão alguns dos tesouros mais valiosos da França. Em poucos minutos, os ladrões cortaram vitrines com rebarbadoras e retiraram as peças. O material furtado foi colocado em mochilas e levado por cúmplices que aguardavam em motos Yamaha T Max.
Acervo histórico levado
Entre os objetos desaparecidos estão:
- Uma coroa e um colar da rainha Maria Amélia, adornados com safiras e quase 2.600 diamantes;
- Um conjunto de esmeraldas e diamantes da imperatriz Maria Luísa;
- Um broche da imperatriz Eugénia, comprado pelo museu por 6,72 milhões de euros.
A coroa de Eugénia foi recuperada horas depois, porém danificada. Já um diamante de 140 quilates, avaliado em cerca de 56 milhões de euros, não chegou a ser levado.
Imagens falhas e primeiros presos
As câmeras de segurança, que deveriam registrar toda a ação, geraram imagens borradas e incompletas. Após uma semana de investigação, a polícia francesa deteve sete pessoas em duas operações, realizadas em 25 e 29 de outubro. Quatro suspeitos — incluindo dois homens de 37 anos, com antecedentes por furtos desde 2015 e residentes em Seine-Saint-Denis — foram formalmente acusados de roubo organizado e conspiração criminosa; os demais foram liberados.
Auditoria ignorada desde 2014
Relatório elaborado em dezembro de 2014 por três especialistas da Agência Nacional de Segurança dos Sistemas de Informação (ANSSI) já alertava que o controle da rede interna do Louvre poderia abrir caminho para furtos. Apesar do aviso, as credenciais básicas permaneceram em uso durante toda a década seguinte.
Imagem: escapar ao roubo
Pressão sobre o governo
A ministra da Cultura, Rachida Dati, primeiro afirmou que os alarmes funcionaram, mas depois admitiu falhas diante da Comissão de Cultura do Senado e anunciou investigação completa para identificar responsabilidades. O episódio atinge sua imagem no momento em que ela se apresenta como candidata à prefeitura de Paris.
A apuração administrativa segue em curso, enquanto o museu mais visitado do mundo tenta reparar os danos à própria reputação.
Com informações de Pplware
